Para se tornar um bom comunicador é fundamental compreender como as pessoas pensam. Então, sabe-se que só podemos compreender as coisas a partir da nossa própria perspectiva. Quase tudo o que fazemos na vida baseia-se simplesmente naquilo que acreditamos. A maior parte das nossas decisões é tomada inicialmente em razão do que sentimos ou acreditamos. Só depois racionalizamos para justificar nossas escolhas.
Isso acontece porque cada pessoa só pode compreender as coisas a partir da sua própria perspectiva pessoal. Devemos entender que as ideias humanas nunca expressam totalmente a realidade. Para isso é preciso que nos tornemos comunicadores mais eficazes e assim nos tornamos quando compreendemos como as pessoas pensam.
Uma das melhores formas de conseguir se tornar um bom comunicador é fazer o uso de histórias, mais precisamente através de analogias, parábolas ou metáforas. Mas é possível usar histórias numa conversa social, por exemplo?
Sim, e muito, aliás é tão comum que nem nos damos conta que fazemos isso. Vou citar alguns exemplos aqui:
Quando uma pessoa é persistente em realizar uma tarefa que agora não consegue executar ou quando uma pessoa após várias cantadas recebe um "não" e mesmo assim continuar tentando, nós usamos algo como "água mole em pedra dura tanto bate até que fura". Em algum momento, geralmente de dificuldade nos inspiramos nessa frase para continuar persistir.
A história do Patinho Feio é uma parábola e uma grande analogia em que a pessoa (o patinho feio) descobre que em outro contexto pode ser "belo". Esta história faz analogia, por exemplo, a várias crianças que na infância ou adolescência sentiam-se rejeitados ou deslocados, até um dia se descobrirem e conseguirem se colocar novamente, no "lugar certo".
Várias expressões do dia a dia revelam metáforas cotidianas, como: "tive um choque quando vi aquilo", "fulano ficou branco de medo", "morri de rir", "ciclano só fala o que o gato enterra", etc.
Algumas frases curtas e feitas (frases prontas) costumam também usar de metáforas para explicar, em poucas palavras, uma ideia, exemplo: "aprender com a experiência", "é preciso evoluir para crescer", "antes eu era inteligente e queria mudar o mundo, hoje sou sábio e quero mudar a mim mesmo".
Essas histórias, sejam analogias (uma história longa que contém um objetivo comparativo a ser explicado e no fim chega uma conclusão de um fato), sejam metáforas (comparações curtas sobre um objeto e outro ou um gênero e outra espécie, "fulano tem cara de porco", "parece um cachorro molhado", "amarelou"), sejam parábolas (uma história que possuí um moral em seu objetivo final a ser aprendida ou assimilada ou compreendida de forma mais clara); todas elas ajudam-nos a compreender ideias de forma muito mais prática e, com alguma precisão, até entender a transmissão exata de pensamento que outra pessoa teve num determinado momento.
Portanto, quando contamos uma história (como analogia para o entendimento do que queremos transmitir), isso obriga o outro a lidar com as crenças que possuem e não apenas com o raciocínio lógico.
Comunicar-se através de uma história é ensinar e ajudar a pessoa a obter o entendimento "colocando" sua perspectiva dentro da história e a tornando acessível ao outro que ouve a história.
Uma analogia nos ajuda a compreender a realidade, podendo extrair dela as verdades que fomos capazes de entender e aplicá-las em nossas vidas. A medida que crescemos e evoluímos, podemos rever as histórias para descobrir novos significados que nos guiem em nossos caminhos.
Histórias nos ajudam a entender a vida. Elas não alteram os fatos da nossa vida, mas ajudam a olhá-los de outra maneira. Pois só podemos entender as coisas a partir da nossa própria perspectiva.
Um poderoso comunicador compreende que baseamos a nossa vida mais no que acreditamos do que no que sabemos. Isso não significa que devemos ignorar o conhecimento, de maneira alguma, mas apenas entender que as ideias humanas nunca expressam totalmente a realidade.