Quando ouço a palavra consciência dois significados vêm à cabeça: um de ordem prática, ou seja, se estou acordado ou não; e outro de ordem subjetiva, que me remete ao fato de ter consciência de quem sou e qual meu papel no mundo. “ESTAR” consciente é fazer uso da razão ou da capacidade de raciocinar e de processar os fatos que vivenciamos. “Estar” consciente é ser capaz de pensar e ter ciência das ações físicas e mentais. Isto é, “estar” consciente se trata de identificar o estado ou nível de consciência de alguém, no qual podemos encontrar as seguintes palavras: lúcido, vigil, hipovigil, hipervigil, confuso, coma profundo, etc. “SER” consciente é algo muito mais complexo. “Ser” consciente não é um estado momentâneo em nossa existência. “Ser” consciente refere-se à nossa maneira de existir no mundo. Está relacionado à forma como conduzimos nossas vidas e, especialmente, às ligações emocionais que estabelecemos com as pessoas e as coisas no nosso dia-a-dia. Como podemos ver, o termo consciência é ambíguo, sugerindo dois significados distintos. Na realidade, a consciência é um atributo que transita entre a razão e a sensibilidade. Popularmente falando, entre a “cabeça” e o “coração”. Para tanto, é possível separar a “cabeça” do “coração”. As explicações científicas sobre o desenvolvimento da consciência no cérebro, que envolvem engrenagens como atenção, memória, circuitos neuronais e estruturas cerebrais, seriam aquilo que chamamos a “razão”, relacionado ao “estar consciente”. Do outro lado, temos o subjetivo e relativo ao sentido ético da existência humana: o “ser consciente”. É importante dizer que, mostrar apreço às condutas louváveis, ser bondoso ou educado, ter um comportamento exemplar e cauteloso, preocupar-se com que os outros pensam a nosso respeito nem de longe pode ser definido como consciência de fato. Afinal, a consciência não é um comportamento em si, nem mesmo é algo que possamos fazer ou pensar. A consciência é algo que sentimos. A consciência é um senso de responsabilidade e generosidade baseado em vínculos emocionais, de extrema nobreza, com outras criaturas (sejam humanas ou animais) ou até mesmo com a humanidade e o universo como um todo. Consciência é a voz secreta da alma, que habita em nosso interior e que nos orienta para o caminho do bem.