Logo nos primeiros meses de vida, observando um bebê, é possível notar como ele se encanta com as próprias mãos e os movimentos que ela faz. Ele percebe que ao apertar um botão de um brinquedo, por exemplo, uma música ou um som qualquer surge. Chega a ser mágico: a criança se surpreende e os pais ficam maravilhados com a reação e expressão de alegria e surpresa da criança.
Esta fase pode ter passado muito depressa e a magia era tanta que pode ter mesmo passado despercebido. Mas a criança está surpresa com suas próprias mãos, por isso as traz para frente dos olhos, mexendo-as do jeito que pode e levando-as à boca. O bebê ainda não sabe, não tem consciência, de que aquela mãozinha faz parte do seu corpo. Ao mesmo tempo, ao brincar com as mãos, se divertir com ela, senti-la com a boca, ele está iniciando um processo de desenvolvimento motor.
Você já viu um bebê pegar algum brinquedo ou objeto e tacá-lo no chão? E depois ele aponta e chora querendo o brinquedo/objeto de volta e quando você dá a ele de novo, ele simplesmente joga o objeto novamente ao chão. Alguns pais e cuidadores de crianças ficam até chateados e irritados com isso. O que precisam entender é que o que o bebê está fazendo é brincando de “descobrir” o som que aquele objeto faz quando é arremessado e bate no chão. E por isso que repete esse movimento algumas vezes com vários brinquedos e objetos diferentes, pois isso é novo para a criança, é uma de suas muitas descobertas do mundo.
Os bebês possuem um jeitinho de interagir com o mundo e que, como no exemplo do som, são difíceis de serem entendidos pelos adultos. Mas uma vez que se entende fica mais fácil ajudar a criança a fazer essas descobertas, brincar com eles, “descobrir” juntos.
No caso das mãos, quando o bebê está a descobrir que aquelas mãos pequeninas são dele mesmo, ele vai movimentando, fazendo pequenos gestos e, sem intenção, esses gestos são treinos para fortalecer punhos e dedos, preparando as mãos, cada vez mais, para brincar.
Mais ou menos entre o fim do terceiro mês até o início do quinto, a criança já se acostumou o suficiente com as mãos e já sabe usá-la para interagir com vários objetos e brinquedos. Por isso é interessante que os pais tenham cuidado ao escolherem brinquedos. De preferência aqueles que tenham peças grandes e que possam ir à boca sem perigo, porque é para lá que elas certamente irão.
Mas por que a boca?
Nesse começo de vida, a boca é o lugar onde a criança tem mais desenvolvimento para sentir as coisas, não apenas alimento, mas tudo. Muita antes da própria mão. Por isso, quando a criança descobre a sua própria mão, ela a leva para a boca, para senti-la, para saber o que é “aquilo”. O progresso de aprendizagem acontece de forma rápida, em semanas, a criança já entenderá que se trata de uma parte sua, do seu corpo e que pode controlar, e a utilizará para alcançar mais objetos e leva-los novamente a boca, porque é na boca que a criança descobre o que é aquilo que as mãos estão tocando.
Algo similar acontece com adultos, muitas vezes não basta olhar, temos que tocar (no nosso caso, nossas mãos e o tato já estão bastante desenvolvidos e não sentimos mais necessidades de colocar o objeto na boca - para alguns adultos sim, é verdade). A criança ainda está naquela fase que tudo põe na boca. Assim como nós não nos bastamos a olhar, a criança não se basta a tocar, precisa sentir com aquela parte do corpo que lhe é mais desenvolvida, a boca.
Passado esse momento inicial da descoberta das mãos é que entramos na descoberta da interação, não apenas do som, como já falamos, mas também em outros tipos de interação. Por exemplo, já percebeu que muitas crianças são fascinadas por bola? Mesmo um bebê de 6 meses. Isso acontece porque tudo é curioso, então ela quer jogar a bola no chão e além do som que ela produz, algo estupendo acontece: ela quica, pula, volta para cima e até mais alto. Para um bebê isso é inesperado, pois antes jogava coisas no chão, fazia barulho e nada além disso ocorria. A bola, nesse exemplo, apresenta uma nova experiência, outra coisa além do som acontece e isso é surpreendente.
Esta é uma fase deliciosa e os pais precisam saber aproveitar. Aqui deixarei uma sugestão de alguns brinquedos adequados para melhor explorar essa idade dos 0 a 6 meses de vida:
- Balde primeiros blocos (forma geométrica e coloridos).
Os blocos estão disponíveis para serem jogados no balde aberto ou através da tampa com formatos. O processo de encher o balde com os blocos e jogá-los para fora e começar de novo ajuda a desenvolver a coordenação motora "olho-mão" e identificação de formas. Visto que cada peça para entrar pela tampa do balde, precisa ter a forma específica. Assim, o bebê aprende brincando a identificar e associar as formas.
Vale dizer que é evidente que o bebê não consiga fazer isso logo a princípio, esse é um brinquedo em que a criança brincará por vários meses e até anos, e só depois de muitas tentativas é que ela começa a entender como funciona.
- Chocalho multi-atividades
O bebê irá sacudir, chacoalhar e explorar essa "bola" colorida, ajudando no exercício da motricidade fina. Com este brinquedo o bebê se distrai, mas esse não deve ser seu único uso e nem deve assumir esta única função.
No topo, há um espelho para o "autodescobrimento". Ao brincar com seu filho, ajude-o a explorar o brinquedo, girando (e não apenas sacudindo), a fim de descobrir todas as peças e o que cada uma pode fazer. Os sons diversos e as cores ajudam a estimular os sentidos. As coisas acontecem conforme as ações do bebê, ensinando sobre causa e efeito.
- Painel de atividades
Oferece uma grande variedade de atividades motoras finas. Também há um espelho largo para o autodescobrimento. As atividades incluem: esconde-esconde deslizlante, botão de leão que faz barulho, giradores, cilindro rolante com imagens. Apresenta causa e efeito e suas cores são vivas.
- Estação dos blocos surpresa
Este é um brinquedo bem variado e grande com muitas opções. Ele possui dois lados, em um lado os blocos ativam sons quando descem rampa abaixo, alcançando a linha de chegada de um lado. E no outro lado da "estação", passam pela painel e chegam na gangorra do outro lado.
Trata-se de um brinquedo que cresce junto ao bebê. Nos primeiros 6 meses, ele brincará sentado e, posteriormente, engatinhando e em pé.
Assim como outros brinquedos, este possui sons que são ativados quando coloca os blocos na rampa ou na gangorra. Os blocos (4 no total) possuem carinhas que estimulam os sentidos da criança. Eles podem ser empilhados e as carinhas mudam conforme os bloquinhos rolam.
A estação dos blocos surpresa, pode parecer bem complexo quando explicado, mas para a criança será bastante intuitivo, até porque o bebê usará por bastante tempo.
Considere ainda que este é daqueles brinquedos que constrói a coordenação motora: pegar e empilhar blocos, assim como exercícios de rolar, aprimoram a coordenação olho-mão e a destreza dos dedos. Os bebês mais novos vão descobrir muita ação conforme desenvolvem a força muscular, o equilíbrio e a coordenação durante a brincadeira sentada. Conforme cresce, os dois lados do painel ajudam a estimular a movimentação da criança, que agora pode engatinhar e logo começará a andar.
- Pirâmide de argolas
Às vezes o brinquedo não precisa ser muito complexo, este é o caso da pirâmide de argolas. Um brinquedo simples e que ajuda a desenvolver o raciocínio lógico e a coordenação motora da criança.
As argolas possuem cores vivas e vibrantes e devem ser montadas conforme os tamanhos, ajudando o bebê a se divertir de forma educativa.
Vale lembrar que muitas vezes um brinquedo possui uma determinada proposta, mas é a criança quem decide a forma de brincar. Por exemplo, na pirâmide de argolas é muito comum a criança não mostrar interesse, no início, de empilhar as argolas de forma que o brinquedo se propõe que seja feito. A curiosidade pelas cores e formas será mais interessante no começo. Cabe aos pais brincar com o filho até que ele desenvolva interesse em ver como aquele objeto realmente funciona e então a estimulação acontece.
Outro exemplo é o balde primeiros blocos, onde o encaixe das peças ocorrerá por tentativa e erro. Os pais devem ter paciência, este desafio se tornará mais fácil lá pelo nono e o décimo mês, ou seja, cerca de 5 meses depois (lembrando que aqui estamos a falar de bebês entre 3 a 6 meses de vida).
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