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Muzak Ayala

5 dúvidas mais comuns sobre "como é uma consulta com o psicólogo?"


Dando início de forma bem direta, gostaria de começar apontando as principais dúvidas de quem vai ao psicólogo a primeira vez. Acredito que ao responder essas dúvidas, que são de fato as mais comuns, você já vai ter uma noção básica de como é realmente ir ao psicólogo. Então vamos as dúvidas:

01. Quem vai ao psicólogo é doido? Ou quem precisa de terapia é quem tem algum problema mental?

Não, para ambas as perguntas.

Tem uma frase que gosto muito que diz assim: "Não vai ao psicólogo quem tem problemas, pois problemas todo mundo tem. Vai ao psicólogo quem quer resolvê-los".

No mais, é necessário deixar claro que o objetivo da psicoterapia não é atender doidos ou doentes mentais (no sentido vulgo de retardado ou com problemas ou doenças mentais, de fato).

Veja bem, perceba que quando você está preocupado com algo, ansioso com a prova da semana que vem, muito triste porque perdeu alguém, inconformado porque seu relacionamento terminou e não há nada que possa fazer, etc.; todas essas coisas são uma representação de coisas que atingem e afetam nosso EU, nossa mente, nosso cognitivo, nossa forma de ver as coisas, tudo isso nos impacta e, às vezes, nos fazem adoecer. Eu então lhe pergunto: isto faz de você uma pessoa doida? Ou será que isto na verdade te faz um ser humano igual a todos os outros que, ao passar por essas e outras situações, vivem os mesmos conflitos que você?

A sua própria resposta para essas duas últimas perguntas é a resposta para "quem vai ao psicólogo".

02. Durante a consulta o paciente fala e o psicólogo só faz escutar?

Vamos pensar sobre isto: Imagina uma conversa, você e mais uma pessoa. Mas uma conversa onde você chama um amigo porque está se sentindo muito para baixo e precisa, sei lá, desabafar ou apenas compartilhar um momento. É claro que nessa conversa seu amigo vai fazer o papel de escutar e você de falar. Durante um bom tempo seu amigo irá ouvir, ouvir e ouvir enquanto você, logicamente, falar, falar e falar. Mas haverá também tempo para seu amigo dizer algumas palavras de conforto, de tentativa para te animar ou para te motivar e mostrar que as coisas não estão perdidas, etc.

Uma consulta com um psicólogo funciona de forma muito parecida. Vocês estarão conversando e o psicólogo respeitará seu momento de falar, e ele fará isso lhe ouvindo atenciosamente. Mas da mesma maneira, do jeito que toda conversa acontece, em algum momento (o momento certo ou que o psicólogo julgar mais adequado), ele dará a você um retorno, dirá algumas palavras, se você desejar ele dará a opinião dele também, fará apontamentos sobre o que ele entendeu, o que ele não entendeu, exatamente como ocorre com uma conversa comum.

Então a resposta é: há momentos, há momentos de ouvir e momentos de falar, e você e o psicólogo irão revesar nesses momentos conforme a necessidade for aparecendo.

03. O psicólogo vai querer falar da minha infância. E se eu não quiser?

Uma outra pergunta semelhante a esta é: Todo psicólogo em algum momento sempre se interessa em falar da infância do paciente?

Vamos uma de cada vez.

Se você não quiser falar de algo, qualquer coisa, então vocês não falarão disso, simples assim. Imagina que vocês estão falando num determinado assunto e o assunto acaba caindo na questão da infância, talvez o psicólogo realmente pergunte algo sobre ela. Nesse momento, se você não se sente preparado para tocar nesse assunto ou simplesmente não tem interesse "agora", basta dizer que não quer falar disso agora (ou se quiser usar a palavra "nunca" fique a vontade), o psicólogo respeitará o seu momento e sua decisão.

E sobre a outra questão, sim, o psicólogo costuma ter interesse na infância. Mas eu acho essa colocação um pouco falha, eu colocaria da seguinte forma: todo psicólogo que se prese tem interesse no passado do paciente, pois é evidente que ajuda muito a entender como você se encontra hoje. Quem conhece sua história tem uma noção melhor de quem você é, do porque você é assim, quais são suas motivações, suas vitórias, suas derrotas, seus bons e seus maus momentos. Cada uma dessas e outras coisas é um "pedacinho" da sua vida. Às vezes é muito importante compartilhar, outras vezes não, cada caso é um caso e durante a terapia você e o psicólogo irão descobrir qual caso é o seu.

04. Dizem que psicólogo analisa o tempo todo, será que ele vai analisar a forma como eu sento na cadeira?

Vamos começar corrigindo o termo "analisar". O psicólogo não analisa exatamente ou literalmente as pessoas. Quando é feito uma "análise" geralmente a pessoa passa por uma "avaliação psicológica" e após a aplicação da avaliação é que o psicólogo irá "analisar os resultados".

Note que as palavras "analisar" e "análise" estão entre aspas, e o motivo para isso é que a palavra "análise" é usada de forma arbitrária e muitas vezes errônea. Exemplo disso são os psicANALISTAS que, apesar do nome "analistas", eles não fazem análises, eles fazem interpretações.

O que todo psicólogo realmente faz é observar, e sim, em terapia, o psicólogo é treinado a observar com muita atenção os movimentos, as expressões faciais, a forma como você fica quando está pensando, como você fala, como está vestido. Digamos que fazer isso é como um "exame médico", a observação do paciente pode trazer pistas sobre aspectos da personalidade ou de algum outro elemento do processo psicológico da pessoa, e que pode ser importante para ajudar o paciente na razão que o levou a ir ao psicólogo.

No entanto, vale salientar, que isso não é feito de forma intrusiva. O psicólogo não vai ficar de "olhão" em cima de você e nem ficar comentando literalmente tudo o que você faz, tipo: "paciente cruzou as pernas, agora colocou a mão na boca, agora deu duas piscadas rápidas... ah isso significa que ele é x ou y ou z". Não, não, nada disso e isso seria bem ridículo para ser honesto.

O processo de observação acontece de forma natural, exatamente como você mesmo faz no seu dia a dia. Quem nunca esteve sentado num lanche ou restaurante, ou numa praça e ficou observando uma pessoa e notou algo curioso? Funciona de forma semelhante, a diferença é que o psicólogo faz isso para fins profissionais com o objetivo de ajudar o paciente (sim, ajudar, ao entender como o comportamento funciona, passamos a entender o porque nos comportamos do jeito que nos comportamos).

05. O tratamento começa na primeira consulta?

Depende, como disse antes, há casos e casos.

Então, tem casos que a pessoa está muito necessitada e ansiosa para começar, precisa entrar direto na terapia. O psicólogo costuma ter o "feeling" para perceber isso e conduzir o início tão logo a pessoa se sente pronta para começar.

Mas há casos que não, há casos onde a primeira consulta funciona apenas como o momento inicial onde você e o psicólogo vão se conhecer e tirar dúvidas a respeito de algumas coisas, como: funcionamento da terapia, como é a forma de pagamento, quanto custa (isso é importante, certamente), qual a duração exata de cada consulta, se você pode deitar no divã (quando tem, às vezes é só um sofá mesmo), etc. E no fim (pode ser no começo também), o psicólogo costuma reservar um tempo para dar início a sua queixa, isto é, o motivo que te levou a querer fazer terapia.

Acontece, que nem todo mundo está pronto para começar logo, algumas pessoas precisam de tempo para pensar, assimilar todas as informações novas, averiguar suas condições naquele momento (isto vale para a parte financeira também, sabemos que isso é importante). Então, realmente depende muito. Outras pessoas, por exemplo, precisam de tempo (algumas consultas) até se sentirem confortáveis com a presença do psicólogo (e isso é muito importante).

Finalizo dizendo que a terapia inicia e anda conforme os passos do paciente: há pessoas que andam com passos mais rápidos outras mais lentas, alguns tranquilos, outros agitados. A terapia anda conforme forem seus passos.

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